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Foi dada a largada

Bruna Gomes janeiro 2, 2017 Comente! Desabafo

Tempo de leitura: 8 minutos

2016

O ano que acabou de findar foi marcante, pra não dizer o contrário. Li muitos textos e postagens que tentavam encontrar o melhor neste ano que terminou. As coisas positivas, a tal da gratidão. Claro que tive coisas boas em 2016. Fui viajar pra alguns lugares, li muitos livros, conheci pessoas interessantes, tomei decisões importantes. Mas foi em 2016 que diversos fatos tristes aconteceram comigo e com a minha família.

Comecei o ano com o pé na areia, em Guarujá, com meus primos. Foi uma viagem deliciosa, na qual pude conviver com as pessoas que considero como irmãos. Demos risadas, conversamos, lemos, tomamos sol, cozinhamos juntos. Era um bom presságio de que o ano começaria de uma maneira excelente e terminaria bem.

Ao voltar da praia, sabia que tinha que enfrentar uma nova etapa difícil, que era voltar para a casa dos meus pais, após me formar na faculdade de jornalismo. Dava medo não saber se iríamos nos adaptar, se teríamos discussões, se saberíamos aproveitar nossas companhias que haviam sido apenas aos finais de semana durante 4 anos. Eu tinha medo de não ter minha liberdade que eu tinha quando morava sozinha e de me sentir sufocada com isso. Me cobrava e me punia sem saber, pois achava que eu já deveria ter encontrado meu caminho independente. Ledo engano.

Outro ponto assustador para mim era encontrar um emprego em uma época que o número de desempregados e demitidos no Brasil e no jornalismo somente aumentavam. As pessoas diziam: “Você ainda não tem emprego? Corre, se não nunca vai conseguir um”. Parecia que só sabiam perguntar desse assunto. Talvez, eu mesma estivesse tão obcecada em não falhar, que só falasse disso, que só pensasse nisso. Enviava tantos currículos por semana, que a decepção ao não ser chamada para nenhuma entrevista só crescia.

Quando consegui um emprego, as coisas melhoraram. Eu estava realizada, me esforçando, trabalhando e dando o máximo que eu conseguia. Então, foi que percebi que meu esforço estava sendo em vão e, depois de quase 9 meses, eu decidi que sairia do emprego e trabalharia por conta própria. Já imaginaram o medo de não conseguir nenhum trabalho? Então multiplique cinco vezes. Esse era o meu sentimento. Não queria ficar sem dinheiro de jeito nenhum, não queria ter que pedir aos meus pais e retroceder.

No final das contas, a questão profissional foi fluindo naturalmente e outra questão pessoal tomou conta de mim: um relacionamento no qual eu não estava imersa. Sentia a necessidade de ser cuidada, queria estar junto de alguém, receber e dar carinho, mas não estava feliz genuinamente. Após iniciar um namoro em maio, terminei em novembro, arrasada por magoar uma pessoa boa e chateada comigo mesma por não ter encontrado alguém que me desse frio na barriga, pela qual eu pudesse dizer que estava incrivelmente apaixonada.

Ao final do ano, após meses de sofrimento, perdemos o patriarca da família, o meu avô Osvaldo, para um câncer destruidor e não foi fácil. Vimos toda a trajetória dele entre camas de hospital, remédios, dores, aflições, delírios. Vi a angústia da minha mãe e de todos os meus parentes. Vi a minha própria angústia e tristeza escorrer pelo olhos e sufocar minha respiração. Minha insônia nunca havia sido tão forte e eu achava que isso nunca mais acabaria. Participei de tudo. De seus últimos dias, de suas falas engraçadas em função dos efeitos de remédios para a dor, de suas pequenas melhoras e de sua “queda” arrasadora, que o fez ter dificuldade para respirar.

Mesmo assim

Mas, calma, contei o lado ruim e quero finalizar com as coisas boas. Afinal, isso aqui é uma conversa. Tudo tem seu lado positivo, acho.

Em 12 meses, passei de uma menina insegura, que se deixa abater facilmente e impulsiva, para me transformar em uma pessoa mais segura, corajosa e paciente. Ainda não sou 100% de nada disso. Ainda tenho meus momentos de fraqueza, claro. Mas me vi tomando decisões, tomando atitudes, conversando comigo mesma e raciocinando muito mais do que antes.

Terminei o relacionamento que não estava bem, ajudei minha família quando soubemos que meu avô havia partido, decidi começar uma “carreira solo” como freelancer, passei a me amar mais, a realmente me achar bonita. Principalmente, entendi de verdade o significado de resiliência, de abaixar a cabeça quando você não tem saídas a não ser aceitar o que está ali sendo dado a você. Também, passei a ver que a minha situação não era mais grave e nem melhor que outras. Absorvi a ideia de que cada um tem uma espécie de destino, lições, provações que precisamos passar para melhorarmos e sermos pessoas mais justas.

Eu conseguia ver que a vida não estava fácil, só que lá no fundo eu tinha fé (e ainda tenho) que as coisas iriam melhorar.

Eu e toda a minha família nos aproximamos muito com todos esses problemas. Nos unimos para cuidar do meu avô e agora da minha avó que também está seriamente doente. Passei a tentar entender mais o lado de cada um e a julgar menos. Me tornei mais tolerante.

Enfim… Comparo 2016 a uma maratona.

Você pode treinar e se preparar o quanto for, mas não tem a menor ideia do que vai acontecer durante a corrida. É uma São Silvestre cheia de obstáculos. É preciso pular, rastejar, desviar, dançar, gritar, chorar. No final das contas, mesmo sem o pódio, sua medalha é, basicamente, tudo o que você aprendeu e conseguiu absorver.

É tudo tão clichê. Eu sei. É que, às vezes, pra gente fechar alguns ciclos e entender tudo de uma vez por todas, é necessário compartilhar. A maneira que encontrei de fazer isso é escrever. Às vezes, sinto que as pessoas veem apenas o lado bonito da minha vida e não sabem nada do que está acontecendo. Isso magoa, porque não há interesse de se aprofundar no mundo dos outros. É tudo superficial.

2017

Desse ano não espero nada. Tenho até algumas resoluções de Ano-Novo, como deixar a unha crescer, emagrecer 6 kg, guardar dinheiro… Mas não tenho um objetivo grandioso. Só quero mesmo é chegar ao final do dia e ficar felizinha com a pessoa que eu fui nas outras horas que passei convivendo com o resto do mundo e dormir na minha cama limpinha e cheirosa.

Não é que me falte ambição. Quê isso. Tenho tantas. É só que não sei pra onde ir. Pela primeira vez, não faço a menor ideia. Não é como em outros anos que havia um vestibular pra ser aprovada, depois conseguir um estágio na minha área, me formar na faculdade ou ir para um intercâmbio, ou participar da minha festa de formatura. Entendem o ponto no qual quero chegar? A missão mesmo desse ano é viver. Talvez eu trombe com umas ideias pro futuro, talvez não. Me recuso a fazer planos no momento.

Acho que eu quero é ser surpreendida mesmo.

Me apaixonei por um cara legal, que de tão lindo e gentil roubou meu ar e ganhou meu coração. Resolvi começar a viver e me entregar, mesmo que isso não dure pra sempre. Resolvi me respeitar e ficar com alguém que faz meu coração bater mais rápido. Na real, não quero ter uma vida coerente aos olhos dos outros. Quero que ela faça sentido pra mim e, no máximo, para a minha família que me apoia de qualquer maneira e vibra minhas conquistas comigo.

Decidi que continuaria a escrever no Blog da Bru, quando desse vontade. Mas não tentaria me forçar a nada. A conta do Instagram ainda é minha, mas passou a mostrar o meu cotidiano como mulher de 22 anos, jornalista, microempreendedora individual, neta, filha, amiga, namorada. A ideia é ser eu mesma e não postar apenas fotos com a luz perfeita e o ângulo ideal. Decidi que até preferia perder uns seguidores do que continuar com muitos, sem ser o que no fundo eu sempre fui. Soltei a corda que, desde 2014 mais ou menos, vinha tentando segurar.

De maneira geral, só quero que 2017 seja mais legal que seu antecessor, por favor. Que seja uma corrida mais fácil e mais prazerosa de completar. Assim, meu coração pode aguentar outras que virão.

Sobre Bruna Gomes

Bruna Gomes

Jornalista formada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, 23 anos, louca por comida, livros e viagens. Sou muito apaixonada por tudo que faz o olho brilhar e o coração bater mais forte. O Blog da Bru é um desafio diário para mim. Espero conseguir traduzir em palavras tudo o que eu acredito ser importante para os meus leitores. Sejam bem vindos e voltem sempre!

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Bruna Gomes

Jornalista, 23 anos, sorocabana, filha única, apaixonada por livros, revistas, jornais, comida, viagem, Londres, restaurantes e livrarias; organizada demais, taurina demais, fitness de menos. No Blog da Bru, você encontra pequenos fragmentos de mim. Obrigada pela visita e volte sempre!

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